Desde sua fundação, em 1616, vemos emergir uma cidade portuária de enormes fortificações e armamentos defensivos. Porém, ao longo de vários anos a cidade dos tupinambás, virou a cidade da borracha, das mangueiras, cidade morena, e, assim, temos um leque de enormes variações para denominar o então lugar berço de variadas culturas: indígena, cabocla, nordestina, dentre outras, tornando a cidade das mangueiras bem maior do que é fisicamente. Mas até onde vão os limites dessa cidade histórica? Qual é sua verdadeira classificação? Até quando poderá resistir aos apelos de uma crescente globalização? A modernização, por meio de uma crescente homogeneização das cidades, pode ser a chave de uma melhor qualidade de vida, mas para quem essa melhora será bem vinda? Assim, as histórias começam, ou melhor, terminam. Como essas: era uma vez uma praça cercada por mangueiras que nas tardes de chuvas cedia aos encantos de meninos incautos loucos pelas decadentes mangas; ou seria, era uma vez uma canoa de um sábio pescador que se despedaçou nas margens do grande muro de um Boulevard Shopping; ou ainda, era uma vez um som chiado noturno da cidade acordando ou lutando pela sobrevivência da real, boa e velha Belém, cheirando a peixe com manga, embriagada pelo seu puro vinho, açaí, vermelho sangue, este que lembra o martírio e sorte da Belém de antes. Dessa forma, os trabalhos fotográficos aqui expostos são metonímias e metáforas da singular Belém estrangulada pelo processo ininterrupto e inevitável da modernização.
Texto: Elizandra Fernandes e Suellen Cunha.
Fotografias: Suellen Cunha
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